quarta-feira, 19 de junho de 2013

Coluna do Mamãe #009 - Especial 12 em Ouro Preto

Coluna Do Mame

Aaaahhh Ouro Preto... uma das melhores cidades universitárias do país e nossa irmã mais próxima, terra de algumas das melhores festas em república desse nosso Brasil varonil. Nesse último feriado aconteceu por lá o tal do 12 em Ouro Preto, e a galera de nossa Viciosa esteve muito bem representada, bebendo até de manhã e acompanhando humildemente o ritmo da moçada de lá.
O tal do 12 é bem diferente do que a gente tá acostumado por aqui, na verdade ouro preto inteira é bem diferente do que a gente tá acostumado por aqui em vários aspectos, inclusive os festivos. Como disse, Ouro Preto é nossa irmã mais próxima no que diz respeito a cidade universitária, próxima mesmo, a umas duas horas e meia de distância (viajando de ressaca). Entretanto proximidade geográfica não implica em ser parecida com Viçosa, por outro lado a vibe lá é bem diferente da daqui em muitas coisas.
Em primeiro lugar a cidade,  provavelmente quando descobriram ouro por lá ninguém sabia o que era terraplanagem, logo a cidade toda é no morro, e haja fôlego pra subir e descer ladeira. Mas ok, a gente perdoa, subindo e descendo por lá é possível observar uma linda cidade, a arquitetura Barroca em sua essência máxima, construções muito diferentes do que a gente vê por aqui e ruas históricas repletas de turistas, museus, igrejas, monumentos e construções da época em que a cidade foi capital do estado.
Em segundo lugar, e nisso todo mundo que vai pra lá morre de inveja, a questão das repúblicas em ouro preto cria um conceito completamente diferente do que vemos por Viçosa. Enquanto por aqui, qualquer cafofo frequentado por duas pessoas que dividem as contas é chamado de república, por lá a parada é envolta em uma longa e complexa tradição que se prolonga por décadas. Algumas possuem mais de 50 anos de existência e dezenas de ex-moradores, a Aquarius, que nos acolheu durante o feriado e nos proveu de álcool e comida em quantidades cavalares, completou esse ano 43 anos de existência, e possui mais de 160 ex-alunos. É possível observar por lá a formação de verdadeiras famílias nas repúblicas e um sentimento de fidelidade e ajuda mútua muito grande, quase como uma sociedade secreta, onde não é fácil entrar, e de onde ninguém sai fácil. Existe toda uma hierarquia dentro das repúblicas, uma longa escada galgada degrau por degrau, do ponto de bixo (tipo o que a gente chama de calouro por aqui), ao ponto máximo, o de decano da república, e claro, além disso e acima do decano o de ex-aluno, o sujeito que manda em todo mundo que mora ou morou antes dele na república, cujo copo está sempre cheio de cerveja. Ficou com inveja? Eu também.
O terceiro ponto de divergência entre Viçosa e ouro preto são as festas, igualmente muito boas, mas de um formato completamente diferente. Enquanto por aqui percebe-se a criação de um confuso mercado com festas maiores de quinta a domingo, por lá imperam as festas em repúblicas, onde o pau quebra entre quatro paredes e a galera se diverte em grupos relativamente menores. Relativamente menores porque em algumas repúblicas, durante este final de semana, era possível facilmente encontrar públicos superiores a 300 pessoas, parece pouco, mas basta imaginar 4 casas paralelas com essa lotação no mesmo horário pra entender que o 12 é praticamente um carnaval fora de época. E você deve estar se perguntando, o quê é o tal do “12 em Ouro Preto?” Segundo o “Barrigada”, nosso amigo da Aquárius: “No 12 de outubro é comemorado o aniversário da Escola de Minas de Ouro Preto, de quebra as repúblicas do centro também comemoram. Rola homenagem para os ex-moradores, e festa com banda, churrasco e cerveja todos os dias. No 12 de outrubro muitos dos ex-moradores e ex-alunos trazem família e amigos pra conhecer a república onde eles moraram. Em contrapartida, no dia 21 de abril a bagunça é nas repúblicas do campus, com o mesmo esquema”. Basicamente é comida e bebedeira todos os dias, tudo por conta da galera que já se formou e hoje possui bons empregos, e a capacidade de ajudar a manter a casa onde eles moraram por anos durante sua graduação.
A entrada na festa lá também é diferente (ao menos no 12), apesar de algumas pessoas pagarem pra ficar nas repúblicas (coisa de 50 reais por dia com direito a churrasco e bebedeira infinita em algumas), na maioria das vezes basta ser convidado pra entrar e conhecer a casa na faixa. As meninas, claro, são “convidadas” a entrar em todas, e pra elas é fácil entrar na maioria das casas e beber à vontade, tudo  pra deixar o ambiente mais bonito e repleto de mulher, e funciona! Aaahhh como funciona... Agora pros rapazes meu caro, ou você conhece algum morador ou ex-aluno da república, ou você paga pra ficar na rep, e não é qualquer um que pode entrar, mesmo pagando, não. Em todas as repúblicas existe uma escala com os horários em que os moradores tem que ficar na porta pra controlar a entrada, acompanhados por um segurança, e não adianta falar que é amigo do Neymar, se  você não conhecer de verdade alguém lá dentro, você não entra.
O intercâmbio entre a galara é grande, tão grande, mas tão grande, que acho que tinha mais gente de Viçosa em ouro preto esse final de semana do que na própria Viçosa. Sério. No começo era empolgante a sensação de achar um conterrâneo por lá, mas bastou algumas horas pra encontrar Viçosa inteira na rua direita, já na quinta feira nego se sentia em casa por lá. E Viçosa ficou bem representada, teve gente assumindo tambor em bateria de república, uma galera dormindo na grama, nego que caiu da escada de bêbado, e claro, muita saliva (e outros fluídos) sendo compartilhada entre as duas cidades.

Como o 12 de outubro acontece nas repúblicas e não é fácil (por mais que a gente tenha tentado) entrar em todas elas, fica difícil dar uma nota numérica, como é feito normalmente aqui na coluna, mas vamos fazer uma análise mesmo assim, e tentar explicar pra vocês como funcionaram as coisas por lá.de
Bar
Que bar? Como eu disse, as coisas por lá são diferente, em vez de um bar com uma galera servindo cerveja, os próprios moradores, principalmente os bichos, rodam pela festa com garrafa e copo na mão servindo cerveja aos visitantes. A cerveja é geladíssima, fruto de uma operação incessante de encher os freezers e de movimentar as caixas de um pra outro durante todo o evento. Na maioria das repúblicas ela também não acaba, e claro, nem só de cerveja vive a galera, o tal do batidão rola solto, uma versão de lá do nosso saudoso Gummy, extremamente mais doce, muito mais alcoólica , e algumas vezes acompanhada de aditivos (o tal Batidão Bolado ). Na Aquárius rolou até frozen, na Ninho do Amor tinha comida de buteco, na Xeque-Mate uma cachaça com canela espetacular, na Nau Sem Rumo cascata de chocolate e em todas as repúblicas da cidade era possível experimentar o melhor da cachaça de minas, e o pior, para os bixos.
Estrutura
Algumas das casas já estão preparadas para grandes eventos, muitas com vários banheiros, áreas externas vastas e boates com sistema de iluminação e som integrados (isso mesmo, uma boate completa dentro da casa!). Em algumas os banheiros são mais novos, em outras, menores, rola o clássico sistema da lona que vira banheiro masculino, isso varia, claro, do tamanho da casa e da galera que eles costumam colocar dentro dela no carnaval. A arquitetura, como a da cidade inteira, é muito antiga, a das repúblicas também, o que implica em casas grandes mas complicadas(É absurdamente fácil se perder dentro da Aquarius, por exemplo), e quem vê a faixada de algumas delas mal consegue imaginar o quanto o pau tá quebrando lá dentro.
Banda
Enquanto em viçosa impera o pagode, axé e o sertanejo, principalmente o sertanejo, Ouro Preto nos brinda com o melhor do rock e poprock. O pagode e o sertanejo ainda assim é presente, algumas vezes cantado por gente de Viçosa, e em algumas rolou até show de banda de pagode daqui,  mas uma das maiores belezas de lá é essa: som de qualidade, pop-rock e rock raiz. Algumas repúblicas também possuem suas baterias e claro, fazem ótimo uso delas, bartucando até de madrugada dentro e fora de casa e a gente acompanhou até de madrugada avaliando cuidadosamente o som deles.
Público
Lotado, e como eu disse, muuuuita gente de Viçosa. Tinha também gente do vale do aço, gente de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e até da Bahia, o baiano do caso cismou de comer feijoada às nove e meia da manhã e disse que no nordeste era assim, ficamos assustados. As ruas? Lotadas, parecia mesmo carnaval, principalmente em frente às repúblicas. As casas? Quando nego dizia que a casa tava lotada, os caras não estavam de brincadeira, república lotada, banda rolando, casa cheia de ex-mordores e o bixo pegando. A cidade também tava cheia, mas ouro preto é cidade turística, difícil saber se a galera que você encontra na rua tá lá por causa da bagunça ou das igrejas.
Proporção homem/mulher
AAaaaahhh meu caro, o negócio de deixar mulher entrar funciona de verdade! Altas gatinhas, muitas importadas, verdade seja dita, mas em todas as repúblicas, TODAS as repúblicas, a média era de no mímimo 60% mulher e 40% homem. Não sei se em todos os finais de semana é assim, se for, semana que vem tô me mudando pra lá. Vale ressaltar que a galera lá não é tãaaao micareteira quanto Viçosa, tipo, nego se preocupa com outras coisas importantes como beber e tals... e que as garotas de lá são mais espertinhas e mais doidinhas, menina pra casar!

Considerações finais.
Antes de mais nada, gostaria de agradecer especialmente à Amanda, da Quase Normal, e ao Barrigada, da República Aquarius, por nos acolher em suas repúblicas. Agradecimentos especiais também ao Pedroga, nosso amigo do UFOPANDO, que mantém o humor em alta lá na UFOP. Um salve também para a moçada da Ninho do Amor, Cheque Mate, Nau Sem Rumo, e Furmigueiro(a de Ouro Preto) que deixaram a gente entrar pra tomar cerveja na casa deles, e nos receberam super bem. Obrigado moçada, todos são extremamente bem vindos à Viçosa!
No mais, fica a saudade de 3 dias de rock em Ouro Preto, onde descobri 5 coisas:
1 - O mundo é uma gema, porque um ovo é muito grande.
2 - Se você não é de Caratinga, você com certeza conhece alguém de lá.
3 - Viçosa precisa de mais tradição nas repúblicas (fiquei com inveja da galera de lá).
4 - Sou frequentador de bordel.(do tipo que curte Amado Batista, Gian e Giovanni e Leandro e Leonardo)
5 - O livrinho de cantadas é sucesso!
Em breve a gente volta pra lá, afinal 3 dias é pouco pra curtir de verdae um lugar tão bom.